domingo, 1 de abril de 2012

Invictus, o poema que mudou a vida de milhões de africanos

Do ventre da noite que tudo cobre
Negra como o fundo da cova escura
Agradeço aos deuses de todos os céus
Por quanto a minha invencível alma perdura

Ante as garras do cruel acaso
Nem eu tremi, nem o medo me turvou
Sob o peso da ameaça e da desumana violência
Eu sangrei mas a minha alma nunca se curvou

Não importa se a passagem é estreita
Não importa quantos castigos devo penar
Eu sou o dono do meu destino
Eu sou o capitão da minha alma.


O poema "Invictus", escrito em 1875 pelo britânico William Ernest Henley, foi a fonte de força e de esperança do líder sul-africano Nelson Mandela (Madiba). O prisioneiro 46664 mantinha os versos num pedaço de papel em sua cela, em Robben Island, onde passou 27 anos, e muitas vezes recorreu a eles para não sucumbir. Mandela foi libertado aos 71 anos e, ao se tornar presidente, tomou-os como inspiração para derrubar as leis de segregação racista do Apartheid.




Um exemplo desta determinação e liderança foi retratado no filme de mesmo título, dirigido por Clint Eastwood e lançado em 2009. O longa conta a história real do recém eleito presidente Nelson Mandela, interpretado por Morgan Freeman, que resolve apoiar o time de rugbi sul-africano na Copa do Mundo de 1995, como uma forma de unir o seu povo.

A vitória de Mandela nas primeiras eleições democráticas multirraciais convocadas em 1994 pôs fim a três séculos e meio de dominação da minoria branca na África do Sul. No entanto, ao assumir, Mandela recebe um país dividido pela disputa racial. O esporte era uma herança do período colonial e, por isso, boicotado pelos negros.

Enquanto estes comemoravam sua vitória e sonhavam com uma nação mais justa, os brancos viviam outra realidade e tinham como símbolo maior de seu patriotismo o desacreditado time de rúgbi. Com a aproximação da Copa do Mundo, a disputa racial invade os estádios e em protesto, os negros passam a torcer para a seleção da Inglaterra.

Usando da linguagem universal do esporte para alcançar seu objetivo, Mandela pede ajuda ao capitão da seleção, Francois Pienaar (Matt Damon). Juntos, o líder negro e o atleta branco fazem uma bela campanha pelo seu time de rugbi e conseguem assim reunir a população em torno da nova paixão nacional.

O roteiro do filme foi escrito pelo sul-africano Anthony Peckham, baseado no livro “Playing The Enemy”, de John Carlin. Outra curiosidade em relação à história desportiva da África do Sul, é que o país foi banido dos Jogos Olímpicos durante 21 anos, por determinação do Comitê Olímpico Internacional, como retaliação ao regime do Apartheid.

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